as espirais, ou swirls em inglês, é um dos padrões que estão no meu top 5 de free motion quilting. sempre uso elas nos meus trabalhos, em tamanhos menores.
para o padrão de hoje, decidi fazer uma espiral grande, ocupando todo o espaço da amostra.

geralmente, quando queremos quiltar espirais ou círculos grandes, fazemos o desenho no espaço onde será quiltado antes, com alguma régua circular, pra ficar bem certinho.
toda essa pré-marcação é feita, porque quiltar de forma livre, essas formas circulares em tamanhos maiores, é bem desafiado. chego a pensar que é impossível sair perfeito.
fazer marcações com réguas no quilt ajuda demais quando queremos precisão, mas quiltar de forma livre também tem o seu lugar. as imperfeições também comunicam. escolher entre fazer marcação e não fazer, depende do que nós queremos comunicar na nossa arte.
enquanto quiltava me lembrei da forma circular que é criada quando jogamos uma pedrinha no lago. ao bater na água, a vibração daquele impacto se manifesta aos nossos olhos pelas formas circulares que aparecem na água ao redor da pedra.
um fenômeno invisível da natureza que se faz visível. lindo demais!
esse movimento me traz paz e reconexão, e foi isso que eu senti enquanto quiltava essa espiral.
apesar de ser uma forma simples, ela traz sensações e sentimentos que acalmam.
tem dias que a gente só precisa do simples, e nada mais.
um abraço,

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Respostas de 4
Pri, que padrão hipnótico. Me fez lembrar a cobra má do Aladin que tenta hipnotizar com o olhar. A linha até parece girar e fazer um efeito de ilusão de ótica! E sim, parece com as ondulações que se formam nos rios quando cai alguma coisa. E fui justo daí, do seu texto que peguei a inspiração para escrever o meu hoje!
Aqui vai:
11.3.2025
Paz e reconexão. Assim começo a minha reflexão hoje. Como é difícil se sentir plenamente em paz e reconectado com o que realmente importa. Em primeiro lugar – o que é que realmente importa? Lembro-me que no caminho, ao caminhar com Rod, um amigo da Austrália (que tinha conhecido no dia) partilhou uma metáfora interessante sobre o que realmente importa. O caminho (o nosso, da vida, não o de Santiago) é por onde estiver apontada a tua bússola interior. Hum… claro que logo perguntei como acessar a bússula interior. Nesse dia não chegamos a nenhuma conclusão. Para ele, era claro como acessar. Era só “seguir na direção certa” como me explicou, apontando com o dedo para um lugar longínquo no horizonte! Só a imagem da bússola era suficiente para ele. Para mim não. Passei muitos dias do caminho empoeirado a matutar sobre a bússola. Como saber qual é o meu norte? Como saber qual é a minha direção? Ali, no caminho era fácil. Não era o norte, mas o Leste, sempre com o sol a queimar do lado esquerdo… mas e quando fosse embora do caminho? Quando o caminho de verdade começasse, como diziam os peregrinos com mais experiência – quando a vida me pedisse para aplicar todas as lições aprendidas até Santiago na vida real? Como iria eu saber o meu rumo? Para conseguir viver uma vida em paz e reconectada? Seriam os meus valores? A minha fé? Mas quais são os meus valores? A minha fé realmente consegue apontar uma direção?
Fui embora do caminho com uma certeza – ninguém sabe nos dizer nada sobre a nossa bússola. É um aparelho eletromagnético que funciona de dentro para fora. De dentro da nossa essência para o mundo. De dentro do coração, para a vida! Então, se conhecer, se conectar com a essência e com o nosso mundo interior é o caminho. Descobrir qual é o caminho para dentro para se conseguir acessar o caminho para a vida! E, o caminho de Santiago mostra claramente ao peregrino tudo o que ele quiser ver dentro dele. Basta estar disposto e com os olhos, (os sentidos na verdade) bem abertos. Sem nenhuma outra distração e só com o foco de se encontrar, aos poucos fui acessando partes de mim que desconhecia.
Entendi a importância dos pequenos passos, que podem ser lentos, dolorosos, muitos ou poucos… me apercebi que no fim do dia somam muitos quilômetros e no fim de um mês apenas somaram uma peregrinação completa… e a constância e a persistência de uma vida inteira? O que fariam?
Aprendi que a música, a dança, a diversão e as trocas com os amigos não são apenas “hobbies” para mim, mas parte extremamente essencial da minha vida. Tão importante que afetam o meu dia-a-dia, o meu humor, a minha espiritualidade e até o meu profissional! Isso, aliás, é um padrão meu que identifiquei – sempre que julgo uma parte da minha vida como má ou como desperdício, ela acaba por se revelar importante para a minha vida profissional. Por exemplo – via muita televisão em pequena, me julgava, achava que estava perdendo o meu tempo, na verdade aprendi muito inglês, que mais tarde me serviu para dar aulas. Quando fiz intercâmbio na França me arrependia por não ter escolhido um país onde pudesse aprender mais na faculdade. O meu francês era tão iniciante que não me lembro de nada do conteúdo da faculdade, mas por outro lado, o francês língua me deu muitos momentos de realização profissional. Conversas com amigos que parecem ser “só um tempo para distrair um pouco a cabeça” me dão as trocas necessárias para aprofundar as minhas indagações… isto porque eu penso e filósofo muito melhor em forma de diálogo, com alguém que me ouve e responde ao que coloco, do que se estou sozinha… Sozinha é um caos.. Me distraio com tudo e o pensamento é muito repetitivo! Para não falar que quando se filosofa com alguém, existe sempre um segundo ponto de vista a ser compreendido na equação, o que torna o filosofar exponencialmente mais interessante.
Aprendi também que acessar e aceitar as sombras, por muito que doa, é o caminho para o crescimento. Uma árvore, quando mais profundas tem as raízes, mais perto do céu consegue chegar. As minhas trevas que comecei a perceber durante o caminho não me deixavam tranquila. Não conseguia sentir paz, sabendo que estavam aí… como aceitar? Então veio o medo. Medo de deixar fluir e de não ter o resultado que quero. Medo de tomar as decisões erradas, medo de perder o controle. Porque se não for como eu quero, não vou estar em paz nem reconectada? Ou será que sim? Como saber? Como ter certeza? Como se jogar do precipício e confiar? Que loucura!!!
Observei os rios, a chuva, a minha respiração. Tudo me mostrava que fluir é o jeito. Deixar-se molhar é o jeito. Não é agradável, mas é libertador (e nem existe outro jeito… nenhuma capa de chuva protege das chuvas da Galícia…e acho que é essa a lição – não se proteja, viva, mesmo que doa!) Não sei qual será o resultado das minhas decisões como não sei o que me espera na próxima esquina do caminho. Mas, como no caminho, sabia que simplesmente precisava ir em frente, com a respiração precisava exalar e relaxar, com a chuva precisava deixar que me molhasse agradecendo que sentia cada gota no meu rosto, na minha roupa, na medula dos meus ossos. Assim, através do corpo e do ser mais relaxado e agradecido, os medos foram indo embora na expiração e na enxurrada de chuva que os fazia perder força e convidava a sair pelos pés, deixando-os para trás no caminho. Em vez de fugir das minhas sombras, fui descendo até ao submundo, com cada passo que dava. Dói, é confuso, mas a cada passo fica mais fácil. O caminhar, com o seu ritmo e insistência, mostra que apesar de ficar mais escuro é por aqui, como no Inferno de Dante. Assim, através do processo do caminhar começa a se formar uma certeza que é atravessando a escuridão que se encontra a luz e não apenas o brilho que me ofuscava até agora. Então, o medo de encarar as dificuldades diminui. Talvez é a esse processo que chamamos fé… a certeza que ir neste caminho é o certo… talvez seja esta certeza que o Rod chamou de bússola. Acho que sim. Talvez seja intuição. Ouvir, observar e agir de corpo e alma e não seguindo as loucuras da mente lógica.
Esta aceitação lenta do que é sombrio em mim foi aos poucos trazendo paz e senti nas minhas interações com as pessoas e a natureza que as conexões foram ficando mais profundas. Aceitar as suas sombras é se abrir para perceber e aceitar as sombras dos outros. Não é assustador como antes, não dá medo, mas pelo contrário, muita paz que se encontra dentro da aceitação de como as coisas são e não como gostaríamos que fossem.
que bom que meu post inspirou o seu texto! e eu amei esse texto! realmente essa bússola é única pra cada um, e eu acredito que a nossa bússola seja pra onde a nossa intuição vem apontando há anos. é aquele talento, aquilo que você faz de melhor, que te acompanha desde quando você se entende por gente. aquilo que quando a gente olha pra nossa história, sempre esteve presente, se mostrando pra nós, de formas diferentes, pra ver se a gente entende, mas é a mesma coisa. nada é impossível nesse mundo, mas é preciso acreditar, confiar e entregar. é fazer sem a ânsia do como, sem o questionamento, sem os e ses. é difícil? demais! porque a mente racional sempre vem à tona pra tentar desviar a gente do caminho. mas é tendo persistência, consistência e tendo convicção de que é esse o nosso caminho, tudo acontece do jeito que desejamos. dominar a nossa mente é o nosso maior desafio.
Pri, eu amei esta sua fala: é aquele talento, aquilo que você faz de melhor, que te acompanha desde quando você se entende por gente. aquilo que quando a gente olha pra nossa história, sempre esteve presente, se mostrando pra nós, de formas diferentes, pra ver se a gente entende, mas é a mesma coisa.
E como a gente muitas vezes não consegue enxergar o simples e dificulta e complica e enlouquece… e afinal é simples! Eu ainda estou no dificulda e complica, mas acredito que já não estou enlouquecendo. É muito dificil aprender a lidar com a mente.. principalmente no nosso caso que somos racionais! Agradeço todos os dias que tenho intuição forte, só preciso aprender a confiar mais nela e você me inspira demais para isso! Gostei muito do movimento do post – o seu quilt inspirou o texto que você gostou e comentou além do que eu tinha pensado que me inspirou – como a arte e se dar tempo com a arte é maravilhoso!
sim! muitas vezes, enxergar o simples é muito difícil. talvez a gente até enxergue, mas de tão simples, recusamos a aceitar, e entramos no limbo da dúvida, da dificuldade, e da complexidade. que bom que eu te inspiro a confiar na sua intuição. o caminho é esse…nossa bússola interna é a intuição. temos mesmo que aprender a confiar e agir de acordo com o que ela está apontando. é um processo, mas quanto mais a gente confia, age e vê o resultado positivo, mais a gente se permite enxergar a intuição com clareza e convicção de que é isso mesmo!