os temas da natureza são sempre bem-vindos pra mim, quando o assunto é free motion quilting. nesse padrão, eu quis explorar uma variação de folhas, mais simples, sem muito quilting.

percebi que estou sempre me perguntando se não vai ficar simples demais, tenho a tendência de querer mais complexidade. porém, da mesma forma que o complexo é belo, o simples também é.
a forma como o quilting realça o desenho, ficou bem exaltada, gordinha. e nesse padrão, eu usei uma linha azul, pra criar esse efeito de desaparecer. o que chama a atenção aqui não é a linha, e sim o desenho.
até então, eu só havia quiltado com linhas em cores diferentes da cor do tecido. quando sentei na máquina, logo me veio de usar uma linha da mesma cartela de cores.
essa linha não é o tom exato da cor do tecido, mas também é um tom de azul mais profundo, por isso ele desapareceu no tecido.
gosto de usar linhas nas mesmas cores que os tecidos nos meus quilts, justamente pra realçar o trabalho de free motion quilting. mas quando a intenção é integrar o desenho do free motion quilting com o trabalho do quilt, aí sim, as linhas coloridas são bem-vindas.
é aquela história, a gente aprende pra desaprender, pra fazer diferente, de um jeito disruptivo, só nosso. e é essa rebeldia que transforma qualquer trabalho “bléh” em uma obra de arte.
um abraço,

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Uma resposta
Pri, que quilt bonito! Confesso que não vi folhas, porque o tecido e a linha são azuis! Elas surgiram só depois que foram nomeadas! Isso já me aconteceu muito. Achar que uma obra de arte é abstrata até que leia o nome ou o objeto retratado. E depois não consigo deixar de vê-lo, nem consigo entender como não o via antes! Muito doido!
Achei muita concidencia você quiltar folhas azuis, porque eu de novo, escrevo sobre a chuva e a grama e a natureza… estamos em temas verdes e azuis!
Aqui está o meu texto de hoje
18.3.2025
A chuva começa a cair aos pingos. Por acaso estou de fora e fico… não quero me esconder! Apesar da brisa gelada! Fecho os olhos e penso como desde pequenos somos castrados de viver e experienciar! O desconfortável não se aceita. “Sai da chuva menino, vai ficar doente, vai molhar ou sujar a roupa”. Nunca ouvi nenhuma mãe incentivar a experiência de um banho de chuva que é das experiências sensoriais mais gratificantes que se pode ter! Penso em como evitamos o desconforto mirando a felicidade e deparo-me com total oposto debaixo da chuva gelada! A felicidade vive depois do desconforto! Como disse Joseph Campbell “o êxtase é um sentimento vivido plenamente” – viver através das sensações intensas, não é para isso que temos corpo?
No meio dos meus pensamentos, vou andando para casa para trocar de roupa! Sentir a chuva sim, ficar doente, não obrigada! Tiro a roupa, estou com frio e então escuto a chuva numa força incrível! É um chamado. Tenho a certeza! A vontade, o sorriso que me invade de repente… PRECISO ir! Frio, arrepios, bikini, grama! Ai que frio! Inspiro, sorrio, expiro devagar! Que bom sentir frio! Que sensação de cachoeira gelada! Faço como banho de cachoeira! Mãos para cima, para que a chuva caia nas minhas palmas, atravessa os braços estendidos para o céu, o corpo, as pernas, e se enterra na terra! Como preciso desta limpeza! Sinto fisicamente que me conecto e sintonizo mais e mais com o meu entorno. Respiro profundamente! A purificação se transforma em gratidão e as mãos descem do lado do corpo, como quando rezamos pai nosso! Quanta coisa para agradecer! Lembro de todos os banhos de cachoeira, de todos os banho de chuva que me permiti! Lembro de todas as vezes que a minha mãe me deixou pular na chuva (e de todas as vezes que eu disse que sim para os meus filhos brincarem na chuva), que benção é ter este corpo que consegue sentir tanto e se permitir não viver só pelas regras!
E de repente me veem as monções na mente! Sempre me conectei com filmes e livros do sudeste asiático! Sempre achei que em vidas passadas morei lá! Sinto o cheiro e o jeito das monções! Talvez por isso amo a chuva mas a acho cansativa depois de um ou dois dias! Estou na América do Sul, mas de repente me vejo no Sudeste asiático e tenho uma certeza assombradora que um dia vou estar no lá, debaixo das águas urgentes das monções, assim como estou agora! Os meus olhos se enchem de água e sinto uma necessidade de ajoelhar perante tanta magia! Perante tantas revelações! Começo a ficar com frio, mas algo me segura ainda debaixo da chuva, não me deixa ir embora! E saindo completamente do mental, o meu corpo começa a deitar! Cabeça, coluna, pernas na grama. Primeiro só sinto a chuva, de uma forma como nunca senti. Como se me regasse e plantasse na terra. Mas logo um acolher que também nunca senti! Sinto a terra debaixo de mim, ao longo de toda a coluna. Ela está forte, calma, viva, quente, me acolhendo e abraçando. É uma tranquilidade, um pertencimento, um alívio tão grande. A solidão, o não pertencimento, o stress e dificuldades do dia-a-dia, as dúvidas, as mágoas, tudo se silencia. A chuva me nutre e refresca, a terra me sustenta, abraça e me devolve a paz! Não sei quanto tempo passo assim. Vou no sentir. Quando é hora de levantar, o meu corpo sabe. A minha pele, o meu sangue, a minha energia, o meu olhar, tudo em mim me diz que o que vivi foi um renascimento, mas mais do que isso, um aprendizado que a terra está sempre de braços abertos para me acolher e se dançar e agradecer na chuva, ela vai ser sempre purificação e magia!