exatamente na metade do desafio criativo, decidi fazer o mctavish, um padrão de free motion quilting queridinho entre quilters que dá o que falar.

ele abre discussões entre quilters sobre seu modo de fazer. tem quem diga que tem que fazer exatamente com a sua criadora, karen mctavish, faz, e tem quem pega o padrão e aplica do seu jeito sem regras.
eu, claro, sou da segunda turma. eu acredito demais que a gente precisa aprender as regras para saber quebrá-las. é aí que mora a criatividade. fazer as coisas seguindo receita de bolo é essencial pra aprender as nuances das técnicas, e os gargalos.
são os gargalos que abrem avenidas de possibilidades pra gente criar, reinventar, fazer de um jeito diferente.
apesar de estar postando hoje, eu fiz iniciei esse padrão ontem, e finalizei hoje. apesar de parecer simples, o mctavish é demorado de fazer. é daqueles padrões de quilting que não rende, sabe?
mas eu amoooo ele! a textura que ele cria é incrível, e se tem um padrão que deixa o trabalho extremamente estruturado, é esse!
acho ele perfeito para preencher fundos e espaços negativos de um um quilt.
espaços negativos são espaços que não são fundos, mas são espaços grandes entre um desenho e outro em um quilt.
saber onde aplicar cada padrão em um quilt é a cereja do bolo, porque cada um vai realçar ou disfarçar alguns aspectos do trabalho. mc tavish é um padrão que vai disfarçar, e não realçar o espaço onde ele será aplicado, mas ele realça muito o que tiver em volta dele e que será quiltado com outro padrão que não deixa o trabalho tão estruturado, como as plumas. fica a dica!
um abraço,

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Respostas de 2
Pri, este para mim é um padrão encantador porque nem parece um quiet. Não parece linha, parece um desenho. Nem imagino como fica a textura dele! Adorei saber o que são espaços negativos e tive essa percepção olhando para o quilt, sem saber os termos!
Também sou da turma de aprender as regras básicas, o funcionamento para depois poder criar livremente… com tudo! Porque acredito que a expressão vem de dentro para fora, então não pode seguir regras, mas ao mesmo tempo precisamos das ferramentas para criar!
E aqui está o meu texto:
7.3.2025
Alongamento. O corpo pede trégua da tensão muscular. A mente entra num estado entre dois mundos. Não está no foco da dificuldade do exercício, do esforço. Não está no foco mental do dia-a-dia, mas num espaço etéreo onde os músculos chegam no lugar e a respiração profunda permite a mente de espairecer. No meio do alongamento começa uma música que não reconheço desde o início (o que é raro, principalmente se conheço a música… acho que a minha mente realmente tinha voado!) De repente, a meio da música, escuto de verdade o que está tocando e não volto à sala de ginástica. A música leva-me diretamente para o fim de tarde quando estava à espera de umas pizzas nos últimos quilômetros do caminho de Santiago. Estava um dia ensolarado, uma raridade no meio das chuvas, temporais, nevoeiros que nos perseguia há dias – típico de Galícia e típico de fim de setembro (o início de outono). Não havia lugar para sentar no restaurante ou se havia, preferimos ficar à porta para aproveitar o sol. De repente a música que começa me remexe tanto que começo a dançar de corpo e alma, ali mesmo, no passeio. Fechei os olhos e imaginei quantas vezes me tinha dado vontade de dançar assim e não me tinha permitido. Por vergonha ou porque alguém disse que não era o lugar, ou porque alguém do meu lado me puxou para parar. Mas nunca ouvi isso da minha mãe! Tive sorte. Ela raramente me dizia que não podia fazer alguma coisa. Ou se me dizia, não foram as lembranças que me ficaram. Eu lembro-me de andar pelos parque a fazer estrelinha, a pendurar-me nos brinquedos de cabeça para baixo, a subir tão alto que depois ela tinha que me buscar porque ficava com medo de descer. Nunca ouvi que não podia, que não era coisa de menina fazer, que se não conseguisse descer, não era para subir. Ou a minha mãe viu na minha essência que eu era indomável, ou ela me incentivou a desenvolver este meu lado. Que presente! Tive a sorte, também, de ter um pai que sempre brincava comigo de me virar de cabeça para baixo, mais tarde confessou-me que o fazia de propósito, para desenvolver o meu aparelho vestibular! (e, agora eu sei, desenvolver o meu gosto por aventuras e acrobacias)! Não admira que quando era pequena o meu sonho era ser trapezista! Voar! Voar alto, fazer mortais no meio do ar! Uma vida que beira o irreal! Sonhava com a liberdade, com o vento no rosto, com o frio na barriga! Imaginava que os balanços dos parquinhos eram trapézios! Fechava os olhos e sonhava! Foi esta liberdade que senti à porta da pizzaria – liberdade de corpo, vento na cara! Ali, onde ninguém me conhecia, mesmo se me julgassem, não iria afetar a minha vida. A sociedade não estava em peso para me restringir a liberdade de expressão corporal! Percebi que a dança me permite uma conexão espiritual muito forte. Me eleva o espírito, transmuta as energias negativas ou estagnadas, com cada movimento, o que não me serve vai embora, o que me faz mal é ressignificado, a tristeza se transforma em leveza! Nunca os meus pés doeram para dançar…. Só para caminhar! (O poder do ritmo e da música… porque é essa a única diferença entre caminhar e dançar… não?) Percebi que o meu corpo participa ativamente no meu desenvolvimento espiritual, pelas sensações, pelo prazer, pela inspiração que sinto ao cantar, ao dançar, ao rir, ao conseguir contagiar os outros com essa minha energia! É muito diferente de uma prece silenciosa e sentida numa capela, mas para mim, igualmente poderoso! Fico emocionada e sobem as lágrimas aos olhos! Liberdade, dança, conexão e melancolia pelo fim de caminho! Muita emoção e acima de tudo gratidão! Aqui, no meio do alongamento, a música vai acabando e eu também estou com lágrimas nos olhos porque a música me conecta e o caminho segue vivo dentro de mim!
esse padrão é muito lindo. amo demais! e quanta lembrança boa está vindo pra você! dançar é vida. eu sempre digo que quem dança seus males espanta!