a flor de sol é mais um padrão de free motion quilting que eu criei, inspirada pela minha coleção de fotos de flores.
por onde ando, tenho o hábito de fotografar tudo que me chama a atenção, que eu acho belo ou diferente, no mundo natural.
a natureza sempre me surpreende com as suas cores exuberantes, formas e texturas em abundância. sempre caminho pelos lugares prestando atenção, mesmo que seja um local desconhecido. assim como na loja de armarinhos, na natureza o olhar curioso é o mesmo.
posso já ter visitado um local por várias vezes, mas sempre olho com olhos atentos e buscadores de novas manifestações naturais.
na natureza, esse processo investigativo é ainda mais empolgante, porque a cada estação, temos flores e plantas diferentes. mesmo visitando o mesmo lugar todo ano, na mesma época, vamos encontrar plantas diferentes, cores diferentes, porque a floração e desenvolvimento da natureza depende de como foi o ano.
ano de mais chuva, menos chuva, mais calor, mais frio, tudo influencia a maneira que a natureza vai se manifestar em cada época do ano.
nunca vamos encontrar a mesma intensidade das cores, as mesmas plantas florescendo na mesma intensidade, tudo muda, a cada ciclo.
e é exatamente isso que eu acho maravilhoso!
esse padrão de quilting livre foi inspirado em uma das flores que eu tenho na minha coleção, mas a ideia inicial veio dos raios do sol.

comecei a pensar no sol, e pensei em quiltar raios de sol iniciando no centro da amostra.
acontece que há alguns dias atrás, eu andei dando uma pesquisada no meu acervo de fotos. quando sentei na máquina pra quiltar, já comecei a quiltar uma flor, que não estava nos planos, mas que veio da inspiração de uma das fotos, e do próprio sol.
daí veio o nome desse padrão, flor de sol.
a flor original que me inspirou, é uma flor com cores de sol. eu achei muito incrível como a minha mente fez as associações de uma forma tão fluida, que eu só percebi quando finalizei o quilting.
outro dia vi a raíza costa, autora do livro confeitaria escalafobética, falando sobre criatividade. que a gente precisa viver, ter experiências, olhos curiosos, viver o mundo real, porque é daí que vem a criatividade. não adianta ficar buscando referências na internet. só quem vive é que consegue acessar a criatividade.
e é bem isso mesmo. a criatividade não vem só de referências visuais, vem de experiências, sensações, sentimentos.
lembro que essa flor que inspirou o quilting me chamou muito a atenção. é uma flor minúscula, que se não estamos com olhos atentos ao caminho, pisamos nela sem ver. as cores dela são vivas, intensas, de cores quentes. e no meio de tantas florzinhas iguais, ainda encontrei uma única flor, de cor diferente.
enquanto todas as flores eram amarelas e vermelhas, uma flor apenas se destacava das demais por ser marrom e rosa. apenas uma flor nessa cor. um mistério da natureza!
eu amei o resultado final desse quilting, e ele foi o pontapé inicial pra um projeto que nasceu ao longo desse desafio.
no tempo certo, eu compartilho aqui no blog mais detalhes.
um abraço,

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Respostas de 3
Pri, estou simplesmente encantada! Que lindo e delicado! Confesso que primeiro vi um sol e depois uma flor! Achei que o nome flor estivesse ai, so por estar. Realmente só vi o Sol primeiro! Mas depois vi a flor! Que preciosidade! Vejo muito as flores como universos! Tanto de cores, como de formatos, geometria, perfeição! Também me chamam muito a atenção na natureza e fiquei indagando se eu seria a pessao de reparar na flor rosa com marrom ou aquela que a esmagarria com a bota de caminhada!
O olhar curioso, a busca pelo novo, pelo belo, pelo prazer realmente alimentam tanto a arte! E a inspiração pode vir de qualquer lugar, desde que o olhar esteja atento, e o ser aberto ao criar!
Acredito também que uma das pessoas que mais se beneficia deste processo é o próprio artista! A alma se alimenta tanto com toda a observação, o sentir, fluir e com o processo de criação. Só quem cria que entende!
E por falar em fluir, criar e sentir aqui está o meu texto de hoje:
15.3.2025
O dia está quente, pesado, sem uma brisa. Mas estou leve, na expectativa de me juntar a uma roda de mulheres. Estas rodas sempre são fortemente sentidas e tenho uma profunda intuição que hoje será especial! Ao chegar, olho ao redor e imediatamente me conecto, pela admiração com uma das mulheres da roda. O seu porte, o seu jeito, a sua energia, tudo nela me atrai! Conversa vai e vem, e logo começa uma atividade prática. Fechar os olhos, tirar os sapatos e se entregar, sentir, caminhar, confiar! Como me sinto, pergunta a terapeuta – assim de olhos fechados, concentrada para não trombar em nada, não quebrar o pé, não me machucar. Não consigo acessar o sentir, a necessidade de sobrevivência se impõe! Quando abrimos os olhos, precisamos escolher um par. Quem está do meu lado, tem a filha, quem está do meu outro lado, já tem par e me apercebo que a única que está sozinha como eu é justo quem eu tinha me conectado no início! Loucura? Coincidencia? Sincronicidade? O exercício é uma fechar os olhos e confiar na outra! Eu quero ir primeiro para ter a experiência da surpresa! Vou! Confio! Andamos, ficamos paradas, respiramos, nos conectamos. Ao andar, tento sentir a energia sutil – com que pé ela vai, que ritmo ela dá à caminhada, como ela balança o corpo, como se fosse uma dança… quero me conectar para estar na mesma frequência, no mesmo balançar, no mesmo ritmo! E de novo a pergunta – Como você se sente de olhos fechados quando alguém te guia? Aqui sim, consegui deixar o racional ir completamente. Confiança plena, na pessoa à minha frente, confiança em mim de me deixar guiar sem restrições e sentir a fortitude do outro lado! Esta fortitude pode vir de uma amiga, de um profissional, de uma figura paterna quando somos mais novos ou do parceiro de vida! Já me senti acolhida assim por todas estas figuras e sim, já tive dificuldades de me deixar guiar por todos, soltar o controle e confiar que a direção do outro está no meu maior benefício! Eu tinha tanta dificuldade com isso que até ao dançar, queria expressar energia masculina e estabelecer o ritmo, a estrutura, o fluir da dança. Agora sei e sinto que fico muito mais feliz e realizada na minha energia feminina, de me deixar levar, relaxar e de confiar que as escolhas que fiz até esse momento são suficientemente boas para que o fluir do outro seja no meu interesse também! Como a confiança que a fé provoca! Não seria isso também o processo de se deixar guiar? Guiar pela fé? Pelo divino? No meu sentir, lembro de um exercício de feminino e masculinio, onde o homem, com a sua respiração, sua presença e a sua força natural se coloca como uma rocha, um porto seguro para a mulher e ela, por sua vez se aconchega no seu corpo, deixando ir todo e qualquer sentimento de defesa, deixando toda a vulnerabilidade solta e as emoções fluírem livremente! É exatamente essa liberação que sinto. De vulnerabilidade de confiança totais! Ainda de olhos vendados, frente a frente preciso respirar fundo. É o que pede o exercício. E quem me guia, quem me ampara, quem me serve de rocha, de suporte neste momento não fica simplesmente parada na minha frente. Vai balançando o corpo como se embalasse um bebe e me faz balançar também! A resposta primal do meu corpo é surreal! Sinto que poderia entregar tudo para esta pessoa que acabei de conhecer, de olhos fechados (literalmente). Tal a conexão que um simples balançar estabelece! Tal a força da memória, da ancestralidade e da nossa necessidade de cuidado e amparo!
Os papéis se invertem. Tento ser a rocha que ela foi para mim. E de novo a pergunta – Como me sinto agora no papel de capitão? É um papel muito celebrado na nossa sociedade. De quem faz e resolve, de quem dá conta de quem sabe, de quem tem coragem, quem enfrenta! É o meu dia-a-dia! Me sinto muito eu nesse papel, independente e competente! Duas palavras que adoro que me descrevam! Agora o exercício é pensar sobre as três situações – de olhos vendados sozinha, sermos levadas e conduzir! Sozinha estou em estado de stress, de vulnerabilidade, então o racional estava à procura de soluções possíveis e o sistema nervoso estava em estado de luta ou fuga (fight or flight como se diz em inglês), então nada positivo! Não quero ser o ser inconsciente que se desconecta de tudo e de todos para estar sozinha num mundo assustador que não entendo, não vejo e não consigo interagir! Também não quero só viver no papel que tanto desenvolvi – de liderar, guiar e resolver tanto no dia-a-dia, principalmente em relação aos meus filhos! Ouvi dizer há muito tempo que o papel de mãe era um papel extremamente masuclino e sempre achei a ideia ridícula… agora entendo o que isso quer dizer! É justo essa energia de cuidar, resolver, decidir, estar em alerta, ser quem aponta o caminho, ser quem tem os olhos abertos! Quero viver mais no modo de vulnerabilidade e fluir que os olhos fechados com guia me proporcionaram! Não 100%, claro, mas talvez mais do que tenho feito, para que o equilíbrio necessário seja atingido! Aprender a confiar, deixar que o outro me guie, relaxar e a partir desse lugar de calma e abertura encontrar e deixar sair todo o meu potencial, todo o meu poder, todo o meu querer viver!
sim! com certeza o mais beneficiado são os artistas nesses processos, e todas nós podemos ser artistas da nossa própria vida. que experiência incrível você teve na roda de mulheres. essas rodas são sempre muito poderosas. a energia feminina reunida é muito potente, e dali pode surgir qualquer coisa. acredito demais no equilíbrio entre as duas polaridades, feminina e masculina. a nossa caminhada é em direção ao encontrar desse equilíbrio, que pra mim, é um desafio e tanto!
Te conhecendo diria que você ama um desafio! Para mim também é desafiador, mas me sinto tão afortunada de viver numa época onde se fala muito sobre isso e existe acesso de muitos materiais, muitas fontes que nos ensinam tanto! Cada um procura o seu equilibrio e tenho a certeza que você está a cada dia mais perto do seu!